30.10.2024

Projeto Rondon: extensão universitária e aprendizados


link copiado
Compartilhe:
Participantes da FAE que integraram a  Operação Sentinelas Avançadas II do Projeto Rondon.
Participantes da FAE que integraram a Operação Sentinelas Avançadas II do Projeto Rondon.

A experiência universitária contempla vivências enriquecedoras que não acontecem somente em sala de aula. 

As trocas com professores nos intervalos, as conversas nos corredores e o networking proporcionado durante os eventos da graduação são oportunidades únicas para os alunos se desenvolverem. 

Além desses momentos, o Projeto Rondon é outra alternativa que permite aos estudantes vivenciar a realidade de diversas comunidades brasileiras, promovendo a aplicação prática de conhecimentos e o fortalecimento de laços sociais. Conheça melhor o projeto a seguir. 

O que é o Projeto Rondon? 

O Projeto Rondon é uma iniciativa voltada para a integração social, criada pelo Governo Federal e coordenada pelo Ministério da Defesa, sendo considerado o maior projeto extensionista do Brasil. 

Quem pode participar do Projeto Rondon? 

Desde a sua criação em 1967, Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas de todo o país podem participar do Projeto Rondon, desde que sejam orientadas pelos editais e elaboradas propostas de ação de extensão para serem desenvolvidas em comunidades. Governos nos níveis federal, estadual e municipal são envolvidos na escolha dos estados e municípios com os menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil e que receberão as operações. 

Como participar do Projeto Rondon? 

As operações ocorrem em janeiro e julho, durante as férias escolares, e cada instituição de ensino superior define seu próprio processo de seleção. 

Para que a proposta seja aceita, é necessário contar com dois professores, sendo um deles o coordenador. 

O histórico de participação da FAE no Projeto Rondon 

Na FAE, a participação no projeto é recorrente: oito operações já contaram com nossos alunos

Neste ano, oito estudantes participaram da Operação Sentinelas Avançadas II, em Nova União - RO, de 12 a 25 de julho. 

Esse grupo preparou e realizou, em conjunto com a Universidade do Estado do Mato Grosso, aproximadamente 93 oficinas, impactando 2.187 municípios das regiões urbana e rural durante dez dias. A atuação ocorreu em escolas, unidades de saúde, prefeitura, igrejas, propriedades rurais e no comércio de Nova União.

As experiências transformadoras proporcionadas pelo projeto

Para que as operações aconteçam da melhor maneira, os rondonistas precisam contar com algumas características como a criatividade na elaboração dos projetos, a resiliência para lidar com conflitos e a vontade de entrar em contato com outras realidades. É importante que os projetos sugeridos também dialoguem com a cultura local da comunidade. 

O aluno Marcos Vinícius Novinski Simões, do curso de Engenharia da Produção, por exemplo, conta que a participação dele no Projeto Rondon foi impulsionada pelo desejo de entender o seu  lugar no mundo e saber como poderia realmente fazer a diferença na sociedade. 

“Queria algo além do trabalho mental que realizo na empresa, onde fico atrás de um computador. Minha busca era por algo que me permitisse transformar o mundo em um lugar melhor. Participar do projeto me mostrou que, com meus conhecimentos, por menores que fossem, eu poderia impactar a vida das pessoas de forma significativa”.

Para além disso, a experiência de participar do projeto também foi desafiadora em relação à administração das oficinas ministradas por ele, que incluíram informática básica, robótica e programação básica, gestão de processos e uma oficina de gestão de águas negras, que teve a construção de uma fossa sanitária. 

“Essa última exigiu um esforço físico que nunca havia experimentado antes. Superamos esse desafio graças à união entre meu esforço, dos professores e da comunidade. Conseguimos implementar uma solução que pode transformar a realidade de uma escola sem tratamento de esgoto”, lembra. 

Essa busca por transformação e aprendizado também foi compartilhada por outros participantes do projeto. A aluna de Negócios Digitais, Gabriella de Carvalho Ferreira, explica que, após sua participação no Projeto Rondon, se tornou uma pessoa melhor. “Conheci a pluralidade do Brasil e as riquezas que temos em pessoas, arte e cultura. Além disso, no aspecto profissional, por meio das capacitações que realizamos, pude desenvolver a comunicação, as relações interpessoais e o senso de liderança”, conta.

Já a participante Isabella Lippmann Hey, do curso de Design, destaca as relações que construiu ao longo dessa experiência. “Um dia uma moça que estava nas oficinas convidou a equipe para tomar um café em sua casa e nós, rondonistas, aceitamos. Esse momento foi recheado de histórias e um bom café. Isso me fez pensar que, se fosse aqui em Curitiba, provavelmente isso não aconteceria, pois estamos em um outro ritmo e as pessoas são mais introspectivas”, relembra.  

Da mesma forma, a aluna Larissa Ponchirolli, de Psicologia, conta que se surpreendeu em uma das oficinas que ministrou. “Fiquei profundamente impressionada com os desafios que algumas psicólogas e assistentes sociais enfrentam em seus trabalhos. A dedicação dessas profissionais é notável, mas também evidenciou as dificuldades significativas com que elas lidam devido à falta de políticas públicas adequadas. Elas demonstraram uma vontade genuína de promover mudanças e melhorar as condições da comunidade”. 

A possibilidade de desenvolver habilidades no Projeto Rondon 

O professor Gabriel Ruiz de Oliveira, que acompanhou os alunos na operação deste ano, ressalta que a participação deles é importante porque reconhecem a diferença que seus conhecimentos trazem para a realidade de uma comunidade.  

“O Projeto Rondon funciona com capacitações, mas, quando foi criado, ele era assistencialista, ou seja, os alunos faziam atendimento médico e doação de medicamentos, por exemplo. Agora o projeto mudou e é focado na capacitação de líderes locais. Então, participamos para capacitar professores, agentes públicos, comerciantes e estudantes, para que eles multipliquem conhecimentos”, explica. 

É neste processo de planejar como o conhecimento será transmitido que os alunos precisam estudar novos temas e também aprofundar aqueles de que já possuem conhecimento. 

“Com isso, os alunos podem aprender sobre um assunto novo. Mas, além de aprender, eles ministram oficinas para profissionais e para líderes locais, em regiões afastadas do Brasil, com culturas e realidades socioeconômicas diferentes. Ao fazer isso, aprendem que o que eles estudaram é bom. Os alunos voltam encantados porque podem realmente fazer a diferença”. 

A estudante Isabella reforça que também teve de administrar a expectativa para ministrar as oficinas. “Na oficina pela qual eu era responsável me tornei ‘professora’. Algumas vezes foi realmente difícil, pois não basta explicar o conteúdo; se seu objetivo é repassar o conhecimento para os outros, precisa se colocar no lugar deles e ir ajustando alguns detalhes. Então administrar o tempo, o conteúdo e as expectativas pessoais e dos ‘alunos’ foi difícil no início. Porém, com o tempo, fui compartilhando essas minhas inseguranças com outros rondonistas e desabafar sobre isso me ajudou muito a entender que as individualidades de ensino diferenciam as pessoas”. 

A importância do extensionismo universitário 

A extensão universitária é fundamental no ensino superior, pois promove a interação entre a academia e a sociedade, transformando realidades. Nesse sentido, o Projeto Rondon é uma experiência enriquecedora para aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula. 

De acordo com Gilson Souza, outro professor participante da operação deste ano, diversos temas foram abordados nas oficinas pelos alunos: primeiros socorros, educação financeira, saúde mental, comunicação, planejamento estratégico para a gestão pública, tecnologia no ambiente escolar, no comércio e nos serviços públicos, robótica, arte, beleza, dentre outros. 

“A participação dos alunos no projeto foi importante para o desenvolvimento de múltiplas capacidades relativas à aplicação do conhecimento acadêmico das suas várias áreas de formação, e de maneira integrada, pois o Rondon reuniu estudantes de Administração, Negócios Digitais, Ciência de Dados, Engenharia, Negócios Internacionais, Psicologia e Design. As habilidades desenvolvidas incluíram comunicação assertiva e eficaz, empatia, convivência comunitária em ambiente novo e desafiador, trabalho em equipe, liderança, capacidade de superação, autocontrole e disciplina”, comenta.  

O professor Gilson reforça ainda que o maior destaque foi conservar o espírito do Projeto Rondon na volta para Curitiba e na FAE, com o compromisso revigorado de continuar empreendendo em projetos, empresariais e sociais, mantendo o vínculo de amizade desenvolvido e ampliando essa inspiração para os demais parceiros acadêmicos.

Confira alguns registros da operação: 

 




Galeria de fotos






link copiado
Compartilhe: