Trabalho decente é um dos temas do Congresso Brasileiro de Psicologia
O evento será nos dias 30 e 31 de outubro e 1º de novembro. Inscrições estão abertas
O trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna é o conceito do chamado “trabalho decente”, formalizado em 1999 pela Organização Internacional do Trabalho. No entanto, o número de problemas de saúde decorrentes da atividade laboral tem crescido e os atendimentos nos consultórios dos psicólogos, também. Pessoas com baixa escolaridade e/ou em situação de vulnerabilidade social sofrem o impacto na trajetória profissional devido a essas dificuldades. O tema será um dos destaques do Congresso Brasileiro de Psicologia, que será realizado nos dias 30 e 31 de outubro e 1º de novembro pela FAE Centro Universitário, em Curitiba (PR).
O psicólogo que abordará o tema no Congresso, Rodolfo Ambiel, conta que o assunto tem sido cada vez mais frequente nos consultórios de Psicologia. Em 2020, a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez decorrente de transtornos mentais e comportamentais aumentou 26% em relação ao ano anterior. Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, foram mais de 576 mil afastamentos devido principalmente à inadaptação ao home office, acúmulo de tarefas profissionais e domésticas, endividamento, incertezas sobre o futuro, ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Em relação ao auxílio-doença, as enfermidades mais diagnosticadas foram depressão e ansiedade.
“É um problema estrutural dos países capitalistas de forma geral e, para mudar esse cenário, é necessário um esforço constante em termos de políticas públicas, iniciativas das empresas e por parte de organizações da sociedade civil, tais como os sindicatos”, analisa Ambiel.
Durante o Congresso haverá um debate sobre a Teoria da Psicologia do Trabalhar, cujo conceito central é o trabalho decente. Essa teoria busca compreender os processos de desenvolvimento de carreira de pessoas com baixa escolaridade e/ou em situação de vulnerabilidade social. “A esse grupo, de modo geral, o direito de tomar decisões sobre a própria carreira tem sido negado e suas vivências de trabalho estão relacionadas às necessidades básicas de sobrevivência. Considerando que a maior parte da população brasileira se encontra em situação de vulnerabilidade social e/ou tem baixa escolaridade, discutir esses assuntos com futuros psicólogos é fundamental”, ressalta Ambiel.
Os problemas decorrentes do trabalho estão relacionados também com transição de carreira, ou seja, quando as pessoas decidem mudar de área de atuação. No entanto, nos últimos anos muitas mudanças nas relações de trabalho têm ocorrido, o que também pode ser visto como agravantes: pessoas que não permanecem muito tempo nas empresas; a preferência pelo home office; trabalhadores “forçando” demissões, preconceito com determinadas faixas etárias e a tecnologia tomando conta dos ambientes corporativos. Além de algumas demandas emergentes, como a mescla diversidade/equidade/inclusão e a valorização cada vez maior das soft skills. Todo esse “pacote” pode afetar positiva ou negativamente uma pessoa no ambiente de trabalho.
“As relações e condições de trabalho são extremamente complexas e a gente tende a julgá-las com base no prisma de classe em que estamos situados. Isso é um problema, pois a desigualdade social no Brasil é enorme e o trabalho não tem sido suficiente para lidar com isso. Temos menos de 20% da população adulta do Brasil com ensino superior e isso, em termos de mobilidade social, tem causado um estrago na sociedade, pois escancara a questão de que a escolaridade no Brasil mais aumenta do que diminui a desigualdade. No mesmo sentido, vai a tecnologia.”
Populações minoritárias
A preocupação com demandas sociais, especialmente de populações minoritárias, é o tema central do 3.º Congresso Brasileiro de Psicologia. Entre as discussões, estarão os atendimentos às pessoas trans.
“Nossa ideia é contribuir para uma reflexão crítica sobre a Psicologia, com foco principalmente em alcançar demandas sociais que estão cada vez mais evidentes em nossa sociedade”, comenta o professor Edgar Pereira Jr., coordenador do curso de graduação de Psicologia da FAE e coordenador do Congresso. “Vamos debater sobre a formação do psicólogo, que deve estar preparado para essas demandas, e também precisamos refletir sobre como estão as práticas em diversos campos na atualidade”, completa o professor.
Espaço de diálogo e de divulgação científica voltado para profissionais e estudantes da área, o Congresso, cujo tema é “Psicologia para que e para quem?”, também terá pela primeira vez uma jornada de Neuropsicologia e Práticas Clínicas. As inscrições estão abertas (veja abaixo, no Serviço).
SERVIÇO:
3.º Congresso Brasileiro de Psicologia
Quando: 30 e 31 de outubro e 1.º de novembro
Onde: FAE Centro Universitário – unidades Centro e Business School, além de Teatro Bom Jesus, em Curitiba (PR)
Endereços:
- FAE Centro e Teatro Bom Jesus: Rua 24 de Maio, 135, Curitiba (PR)
- FAE Business School: Av. Visconde de Guarapuava, 3263, Centro, Curitiba (PR)
Inscrições disponíveis aqui.
Confira a programação completa e outras informações:
Siga no Instagram: https://www.instagram.com/cbpsi.fae/