20.03.2019
Como prevenir e tratar problemas com alimentação
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Profissionais devem buscar conhecimento e capacitação para atender a demanda
“As pessoas precisam, primeiro, entender por que têm tais hábitos, por que precisam dele. Às vezes, ingerem açúcar excessivamente porque acreditam que isso diminui sua ansiedade, porém não têm a informação de que isso, na verdade, aumenta sua agitação, pois açúcar é um estimulante cerebral. Outras vezes, a alimentação nem é tão ruim, mas o restante dos comportamentos sim”, conta a psicóloga Ana Lucia Ivatiuk, doutora em Psicologia como Profissão e Ciência e coordenadora do curso de pós-graduação Comportamento Alimentar: Perspectiva Interdisciplinar da FAE Business School.
“Vale lembrar que é necessário trabalhar com comportamento e hábito alimentar, e não apenas prescrever dietas restritivas”, atesta a nutricionista Mariana Paganotto da Cunha, mestra em Medicina Interna e Ciências da Saúde. Os casos devem ser tratados de forma multidisciplinar, com avaliação e atenção de profissionais de áreas distintas, aponta a psicóloga. “Há situações em que o comportamento da pessoa não é ruim, mas o metabolismo, a parte orgânica, não funciona bem”, conta Ana Lucia. Assim, mesmo que haja um comportamento alimentar adequado, o indivíduo não perde peso e, ao contrário, a dificuldade em processar alimentos faz com que ele não consiga voltar a ter qualidade de vida. Com o objetivo de capacitar profissionais a trabalharem com transtornos alimentares, a FAE acaba de lançar a especialização em Comportamento Alimentar, com foco na perspectiva interdisciplinar. “Vamos preparar os profissionais para atuar com o comportamento alimentar saudável e, também, com os transtornos alimentares e a obesidade. Tudo de forma científica e com protocolos testados e validados”, relata Ana Lucia.
A capacitação da equipe, de múltiplos segmentos, para detectar e saber como orientar e tratar o paciente é parte fundamental do processo. Entenda por que em cada área há colaborações diferentes no trabalho com o comportamento alimentar:
- Nutrição – busca compreender a relação do indivíduo com a comida incluindo aspectos fisiológicos, sociais e emocionais, a fim de promover mudança no comportamento alimentar.
- Psicologia – atua na relação que cada indivíduo tem com o alimento e como isso afeta na sua saúde mental.
- Educação Física – auxilia o indivíduo a ter hábitos mais saudáveis por meio da prática de atividade física.
- Medicina – em suas mais diversas especialidades, ajuda a cuidar da saúde física e mental e saber quais são os limites fisiológicos de cada indivíduo na relação com a alimentação.
- Fisioterapia – auxilia na função musculoesquelética dos organismos.
- Fonoaudiologia – trabalha com a mastigação e os aspectos da oralidade.
- Enfermagem – por atuar em áreas diversas, muitas vezes são esses profissionais que fazem a triagem inicial de um provável comportamento alimentar inadequado e o encaminham para as demais especialidades.
- Profissionais de educação – podem, desde cedo, mostrar durante o processo educativo a importância da alimentação e como ela auxilia ou dificulta os processos de aprendizagem.
Comportamento saudável
As mudanças de comportamento à mesa são fatores que contribuem para o sentimento de ansiedade e compulsão. As pessoas se alimentam cada vez mais isoladas, com pressa e sem planejamento. O hábito de fazer refeições em família também diminuiu. Para evitar problemas e transtornos já na infância, é importante que os pais acompanhem e se dediquem à alimentação dos filhos.
Facilmente influenciadas pela mídia, as crianças se tornaram reflexos do hábito alimentar dos pais, que estão introduzindo cada vez mais em suas casas alimentos industrializados e fast food na busca pela praticidade. “Acredito que a obesidade e as doenças associadas a ela serão por muitos anos ainda um grande problema de saúde, visto que o número de crianças com excesso de peso está crescendo de modo alarmante”, conta a nutricionista. Para ela, esse contexto comprova a importância de profissionais de saúde aptos para enfrentar o problema e incentivar a mudança de comportamento da família e não apenas de um dos indivíduos.
Para Ana Lucia, a informação sobre as escolhas alimentares está disponível, mas as pessoas não têm paciência e persistência para mudar os hábitos e ter uma vida mais saudável. “De forma geral, as pessoas querem resultados rápidos e nos cuidados com a saúde (seja físico ou mental) este resultado não é imediato. Principalmente no que se refere ao corpo, a mudança leva um certo tempo para se estabelecer”, finaliza.
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