Projeto de extensão gratuito sobre obras literárias de autoras que contribuíram, e ainda contribuem, para o patrimônio cultural.

Litteraria - Vozes de Resistência

13 e 20/11
14h30
On-line


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Sobre o evento


O curso de Letras - Português e Inglês da FAE convida a todos para participar do projeto de extensão “Litteraria - Vozes de Resistência”. O projeto propõe encontros mensais (aos sábados), com o objetivo de trabalhar as obras literárias de autoras que contribuíram, e ainda contribuem, para o patrimônio cultural.

Todas as obras escolhidas têm o intuito de servir como guia e cooperar para a extensão da criatividade, interpretação de textos e evolução da escrita, além de fomentar ideias sobre questões identitárias relacionadas a gênero e raça para com a comunidade, e por meio da produção literária das autoras que serão apresentadas neste ano.

Também é importante destacar que estamos conectadas com a proposta de Antonio Candido, presente na obra O Direito à Literatura, que estabelece a relação direta entre os direitos humanos, educação e, mais especificamente, literatura. Para Candido “pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo” (2004, p. 172). Dessa maneira, o processo de humanização sugere pontos para além de questões de saúde, por exemplo.

A ideia central da Literatura é promover o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, e a percepção da complexidade do mundo e dos seres (CANDIDO, 2004, p. 180). Quanto à função da literatura, o autor estabelece uma ligação com os direitos humanos, a partir de dois ângulos diferentes:

“Primeiro, verifiquei que a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade. Em segundo, a literatura pode ser um instrumento consciente de desmascaramento, pelo fato de focalizar as situações de restrição dos direitos, ou de negação deles, como a miséria, a servidão, a mutilação espiritual. Tanto num nível quanto no outro ela tem muito a ver com a luta pelos direitos humanos” (CANDIDO, 2004, p. 186).

Ainda é possível pensar no Litteraria como um bem incompressível, isto é, “São incompressíveis certamente a alimentação, a moradia, o vestuário, a instrução, a saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência à opressão etc.; e também o direito à crença, à opinião, ao lazer e, por que não, à arte e à literatura” (CANDIDO, 2004, p. 174). O que nos leva a refletir sobre os bens que asseguram não só a sobrevivência física, mas a integridade do espírito, da alma, sendo a literatura um destes direitos inalienáveis e que podem gerar potencialidade no contexto social dos participantes das rodas de leitura e oficinas, promovendo abertura intelectual, e assim abrangendo temas e opiniões correspondentes à vivência de cada um.

Dessa maneira, enxergamos na literatura um tema relevante na atual conjuntura mundial, principalmente às questões relacionadas à igualdade de gênero e, portanto, na construção do indivíduo.


Confira a programação e inscreva-se:

  • 10 de Abril, às 14h: Ana Torquato apresenta "Dentes Brancos", de Zadie Smith 

Livro de estreia da escritora inglesa Zadie Smith compõe um mosaico da Inglaterra multicultural contemporânea. A partir de temas como a diversidade racial e a clonagem, a autora surpreende com uma ficção ao mesmo tempo divertida, irônica e profunda, aclamada como uma revelação pela crítica, por escritores consagrados e pelos leitores ingleses. O romance narra a história de dois amigos que se conheceram durante a Segunda Guerra Mundial: o inglês branco Archie Jones e o bengali Samad Iqbal. O final da guerra os separa, mas por obra do destino eles vão se reencontrar trinta anos depois, num bairro pobre da Londres dos anos 70.

 

  • 15 de Maio, às 14h30: professor Luiz Rogério Camargo, sobre "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus

O livro apresenta em forma de diário o cotidiano da autora em meio à fome e à miséria na cidade de São Paulo. Moradora de favela, Maria Carolina de Jesus luta pela sobrevivência de si mesma e da família, trabalhando como catadora de papel. Sem formação além do básico para ler e escrever, a escritora, no entanto, compôs um dos mais poderosos e impactantes relatos sobre a dura vida dos marginalizados no Brasil.

 

  • 19 de Junho, às 14h30: Cléber Pertel apresenta "Conceição Evaristo" - CANCELADO

Maria da Conceição Evaristo de Brito (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1946). Romancista, contista e poeta. Mudou para o Rio de Janeiro em 1973, quando foi aprovada para cursar o magistério. A estréia literária de Conceição ocorreu em 1990, com obras publicadas na série Cadernos Negros. Suas obras, poesia e prosa, especialmente o romance Ponciá Vicêncio (2003), abordam temas como a discriminação de raça, gênero e classe. Em sua poesia, Conceição Evaristo, pontua sua ancestralidade de maneira crítica, beirando o tom de um manifesto, em uma clara tomada de partido que dá lugar à cultura negra de forma lírica e política.

 

  • 17 de Julho, às 14h30: Verônica Kobs apresenta "Pai contra mãe", de Machado de Assis e o filme Quanto vale ou é por quilo?, de Sérgio Bianchi

O trabalho analisa “Quanto vale ou é por quilo?'', de Sérgio Bianchi, como adaptação cinematográfica do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis. Focalizando a violência, a escravidão e a política do favor, a comparação entre as duas obras pretende discutir as questões de  poder e dominação, com base nos estudos de Stuart Hall, Roberto Schwarz e Norbert Elias.

 

  • 21 de Agosto, às 14h30: Diamila Medeiros, sobre "Tratado dos Anjos Afogados", de Marcelo Ariel 

A apresentação será um comentário geral sobre a obra poética de Marcelo Ariel, com ênfase em seu primeiro livro Tratado dos Anjos Afogados (2008). Marcelo Ariel é o pseudônimo de Marcelo Rodrigues dos Santos, poeta, performer, ensaísta, músico e dramaturgo brasileiro contemporâneo, nascido em Santos, em 1968. Sua obra contempla um conjunto de publicações (convencionais e artesanais) significativo, com poemas, prosa, dramaturgia e textos críticos. Tratado dos Anjos Afogados tem como um dos temas a cidade de Cubatão, onde Ariel viveu parte de sua vida, e apresenta poemas que fazem referência aos problemas socioambientais enfrentados pela cidade. Além disso, há também uma forte presença de mecanismos de intertextualidade que sustentam um dos outros temas do livro, a investigação sempre atenta das obras de outros artistas, escritores e filósofos, como matéria poética, algo que se mantém em sua obra de maneira constante.

 

  • 18 de Setembro, às 14h30: professora Karina Fonsaca, sobre "Perro Viejo", de Teresa Cárdenas

A professora vai apresentar a obra Cachorro Velho da escritora Teresa Cárdenas. Teresa Cárdenas é uma escritora, roteirista, atriz, bailarina e ativista social cubana contemporânea. Em 2005, ganhou o Prêmio Casa de las Américas com o romance Perro Viejo. Traduzido para o português como Cachorro Velho, foi publicado em 2010 pela editora Pallas, trata-se de um romance sobre o ponto de vista de um velho negro cubano que não conheceu outra vida além da servidão em uma plantação de cana de açucar, a história é sobre as memórias dos anos deste velho como escravo.

 

  • 23 de Outubro, às 14h30: Suzan dos Anjos, sobre Djamila Ribeiro - CANCELADO

Neste encontro, serão abordadas as principais ideias desenvolvidas por Djamila Ribeiro nos livros O que é Lugar de Fala? (2017), Quem tem medo do feminismo negro? (2018), Pequeno Manual Antirracista (2019) e Lugar de Fala (2019).

  • 13 de Novembro, às 14h30: professora Luciana Teixeira, sobre "Necropolítica", de Achille Mbembe

Um ensaio que apresenta as formas contemporâneas que subjugam a vida ao poder da morte (necropolítica) reconfigura profundamente as relações entre resistência, sacrifício e terror. O filósofo Achille Mbembe demonstra que a noção de biopoder é insuficiente para dar conta das formas contemporâneas de submissão da vida ao poder da morte. Além disso, descreve as noções de necropolítica e necropoder para dar conta das várias maneiras pelas quais, em nosso mundo contemporâneo, as armas de fogo são dispostas com o objetivo de provocar a destruição máxima das pessoas e criar “mundos de morte” – formas únicas e novas de existência social, nas quais vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de “mortos-vivos”.

  • 20 de Novembro, às 14h30 - Grupo Litteraria (Rafaela Calil, Roberta Lehmann, Giovana Luersen e Rubia Pedroso) apresenta "Querem nos Calar", org. Mel Duarte

A obra, organizada pela poeta Mel Duarte, reúne poemas de 15 mulheres slammers de todas as regiões do Brasil. O livro é construído a partir do poetry slams, isto é, batalhas de poesia falada, e que nesta obra apresenta temas como gênero, machismo e feminismo.
 


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